Publicado: 04/12/19 às 13h07
Texto por: Luciana Vidal; Foto por: Bruno Frade
Quem
nunca sonhou em pilotar carros potentes nas melhores pistas ao estilo “Velozes
e Furiosos”? Em Londrina, isso já é possível graças à Lista Área 43, evento de
arrancada que permite o racha legalizado na pista do Autódromo Internacional
Ayrton Senna. Este formato de disputa vem, a cada edição, atraindo mais e mais
a atenção do público e fidelizando os seus participantes, pois valoriza a
participação de carros de rua. As disputas acontecem em percursos de
201 e 402 metros, com toda estrutura necessária para garantir a
segurança dos pilotos.
Em
Apucarana, há mais de uma década o empresário João Passone, da MHP Uniformes
Profissionais, sonha em pilotar numa pista de arrancada. Casado há dois anos
com Beatriz Passone, 23, que também é fã do esporte, ele conta que a paixão por
carros envenenados e pneus "fritando" no asfalto surgiu ainda na
adolescência. “Tenho dois primos que gostam muito de arrancadão e íamos sempre
juntos assistir as disputas no Autódromo de Londrina. Desde então, comecei a
pesquisar sobre o assunto e a paixão foi só crescendo”, revela.
Aos
17 anos, ele decidiu matricular-se em um curso de mecânica automotiva para
montar seu próprio carro, mas o sonho só começou a ganhar corpo há cerca de um
ano e meio, quando comprou o Gol GL 91 que era do avô da esposa, Antônio
Pereira. “É um carro que está há 18 anos na família e passou de geração em
geração”, diz.
A
preparação do veículo para disputar provas de arrancada está sendo feita por
Passone com o auxílio do mecânico e amigo Lucas Schmidt, da Oficina Giro Rápido
Motor Sport. O projeto está em fase final e a previsão é estrear o “possante”
ainda em setembro. “Tem 13 meses que venho montando esse carro. Nunca pilotei
numa pista de arrancada e em breve vou realizar esse sonho”, afirma.
O
empresário estima que o investimento já passou de R$ 30 mil, entre motor e
carro. Um dos ajustes necessários para que o veículo ganhasse mais potência foi
a adaptação do motor de 1.8 para 1.9 L. O veículo também ganhou um
turbocompressor, recebeu adaptações no cabeçote e hoje usa um carburador para
fazer a alimentação de combustível. Os bancos originais foram substituídos por
um banco de alumínio e o eixo original foi trocado por outro mais leve, de
material tubular, para retirada de peso. “Acrescentamos alguns instrumentos no
painel, para medir pressão de óleo, pressão de combustível e pressão de turbo.
Só não fiz praticamente tudo em casa por falta de ferramentas”, observa.
Com
isso, Passone acredita que estará apto a disputar a categoria 201 metros da
Lista Área 43, atingindo uma velocidade média de 150 quilômetros em um tempo
estimado de 8 segundos.
PONTO DE
ENCONTRO
Cada
vez mais profissional, respeitado e competitivo, o esporte de
arrancada no Autódromo Ayrton Senna virou ponto de encontro marcado
na agenda dos jovens e aficionados, retirando da ilegalidade os carros que
promovem rachas e levam perigo às ruas.
Localizado
a quatro quilômetros do centro de Londrina, na Avenida Henrique Mansano, 777,
Jardim Alpes, o autódromo foi inaugurado em 23 de agosto de 1992. Sedia provas
da Fórmula 3, Fórmula Truck, Stock Car, Motociclismo, Arrancadas, GT3,
Campeonato Regional e Brasileiro de Marcas e Pilotos.
O
Autódromo possui uma pista principal com 3.146 metros de extensão, com áreas de
escape nas curvas maiores. Oferece, também, 30 boxes com capacidade para quatro
carros cada, ambulatório médico, heliporto, lanchonetes, torre de cronometragem
de quatro andares, camarotes, amplo estacionamento e acomodações com capacidade
para 35 mil pessoas.
(BOX)
Sobre o esporte
de arrancada
Arrancada
ou Drag Racing é uma competição onde dois veículos (carros
ou motocicletas) tentam cobrir um determinado percurso, em linha
reta, no menor tempo possível, partindo com o carro parado.
Diferente da irresponsabilidade de alguns motoristas que ainda
teimam em tirar “rachas” na rua, a Arrancada é um esporte onde pilotos bem
preparados e em local apropriado competem oficialmente.
Esta
modalidade surgiu no leito seco do Lago Muroc, no deserto do Mojave, na
Califórnia, logo após a Segunda Guerra Mundial. No início, jovens americanos
apaixonados por velocidade, mas sem muito dinheiro, passaram a construir seus
carros a partir de sucatas de roadsters
(veículos conversíveis de dois lugares) encontrados em ferros-velhos,
transformando-os em supermáquinas equipadas com motores V8 de grande
cilindrada.
O
resultado deste “casamento” deu origem a verdadeiros bólidos, que mais tarde
ganhariam o apelido de hot rods (rods
em abreviação a roadsters e em referência às bielas, rods em inglês). As corridas, em princípio, eram apenas diversão e
brincadeira para os seus participantes, que mediam a força de seus carros
dentro de um percurso de 402 metros (1/4 de milha) pelas ruas da Califórnia.
Percebendo
que toda essa manifestação dos jovens estava sendo feita sem nenhum critério de
segurança nem responsabilidade, surge Creighton Hunter, um apaixonado por
motores fortes, que resolveu oficializar a corrida, adotando uma pista de pouso
da Força Aérea Americana em Santa Ana (Califórnia) e criando, assim, a primeira
associação para profissionais do esporte de Arrancada (NHRA – National Hot Road
Association).
Além
dos Estados Unidos e Canadá, as competições de Arrancada fazem um sucesso
inacreditável aqui no Brasil, na Austrália, Nova Zelândia, Japão, Aruba,
México, Grécia, Malta, África do Sul e em alguns países europeus, como
Finlândia, Alemanha, Suécia e Noruega. A distância mais comum é um quarto de
milha (402 metros), embora um oitavo de milha
(201 metros) também seja bastante popular.
DRAGSTERS
Os
primeiros “dragsters” eram pouco mais do que carros da rua com os motores
levemente modificados. Posteriormente, os motores e os
combustíveis tornaram-se mais exóticos, mais poderosos e, naturalmente,
mais temperamentais. Foi uma tremenda evolução.
A
segurança e a inovação foram itens que pavimentaram o desenvolvimento da
Arrancada. Os dragsters superiores de hoje são maravilhas
computadorizadas projetadas com perfis lustrosos e superfícies de
sustentação traseiras testadas em túnel de vento. São os veículos da
aceleração mais rápidos na face da terra.
Com
essa evolução, as barreiras da velocidade caíram: 260 mph
em 1984; 270 em 1986; 280 em
1987; 290 em 1989. A mágica barreira de 300 mph caiu
em 1992. Apenas sete anos mais tarde, em 1999, Schumacher Tony
transformou-se o primeiro a atingir 330 mph,
em
Phoenix, Arizona. Como não poderia deixar de ser, as
principais competições, bem como os melhores carros e pilotos estão na
terra do Tio Sam, onde os Top Fuels percorrem os 402 metros em
aproximadamente 4 segundos, com velocidades superiores a 500 km/h.
Para
muitos, competir é um passatempo, mas alguns veem a Arrancada
como um bom negócio e a tratam com muito profissionalismo.
EMOÇÃO E
VELOCIDADE
A maioria dos pilotos
competem pela pura emoção de dirigir em velocidade elevada.
É só adrenalina. Mesmo o percurso light de
201 metros garante ao piloto adrenalina de sobra, pois
atinge facilmente 200 quilômetros nesse curto espaço. O
piloto fica esperando a luz verde aparecer e pronto, já chegou.
São poucos os segundos para atravessar a pista toda. É muito rápido.
Os
carros que participam dos campeonatos são divididos em categorias de
acordo com a motorização, nível de envenenamento e tração. Os tempos são
medidos por sistema de cronometragem computadorizado, com auxílio de
fotocélulas e sinal de largada multi-sequencial apelidado de “Pinheirinho”
(christmas tree em inglês, em alusão a uma árvore de Natal).
As
largadas ou “puxadas” são realizadas em duplas e divididas por categorias,
que na maioria dos casos consegue agrupar os mais diferentes tipos
de veículos, dividindo-os pela potência ou pelo nível de preparação
de cada um.
Fonte: www.retrovisoronline.com.br